Guajará-Mirim é um
município brasileiro do
estado de
Rondônia,
Região Norte do país. É o segundo maior município do estado em extensão territorial, e o oitavo em população.
Em maio de 2008, na cidade do Rio de Janeiro, Guajará-Mirim recebeu o título de “Cidade Verde”, outorgado pelo Instituto Ambiental Biosfera, em razão de seu mosaico de áreas protegidas, que fazem, da cidade, um dos maiores municípios brasileiros em termos de áreas preservadas. Outras 29 cidades brasileiras também receberam o prestigiado prêmio. A cidade também tem o primeiro
jornal editado em
língua indígena txapacura.
Até o início do
século XIX, “Guajará-Mirim era apenas uma indicação geográfica para designar o ponto brasileiro à povoação
boliviana de
Guayaramerín” (Vítor Hugo – Os Desbravadores). Naquela época, a povoação era conhecida como Esperidião Marques.
Em abril de
1878, em função do
Tratado de Ayacucho, foram enviadas para
Corumbá (
Mato Grosso) as “Plantas Geográficas dos Rios Guaporé e Mamoré”, sendo que a cartografia para delimitar os limites fronteiriços dos rios
Guaporé e
Mamoré foi levantada e apresentada pela 2ª seção brasileira, sediada na mesma cidade, tendo sido todas chanceladas pelos delegados brasileiros e bolivianos. Continuando a descrição diz “Destas cabeceiras continuam os limites pelo leito do mesmo rio até sua confluência com o Guaporé, e depois pelo leito deste e do Mamoré até sua confluência com o
Beni, onde principia o
Rio Madeira“. Em
1878 e
1879, houve troca de notas da chancelaria boliviana com a Embaixada do Brasil em La Paz, acusando o recebimento e aprovando a “Carta Geral”, conforme ajustado na 7ª Conferência da Comissão Mista.
Em
17 de novembro de
1903, com a assinatura do
Tratado de Petrópolis com a
Bolívia, o Brasil se comprometia a construir uma estrada de ferro, ligando os portos de Santo Antônio do Rio Madeira, em
Porto Velho, ao de Guajará-Mirim, no Rio Mamoré, destinada ao escoamento dos produtos bolivianos. Os direitos sobre tarifas seriam recíprocos e a localidade foi se tornando conhecida no país com repercussão no exterior.
No
ciclo da borracha, a extração do
látex foi, sem dúvida, ponto decisivo na vida do município. A construção do transporte ferroviário (
Estrada de Ferro Madeira-Mamoré) veio acelerar o povoamento local, contribuindo no incremento da agricultura, além do extrativismo vegetal proporcionado pela vasta e rica vegetação natural existente. Estes e outros fatores, também de relevante importância influíram na subsistência da localidade.
Em
30 de abril de
1912, foi concluída a
Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e inaugurada oficialmente em 1º de agosto do mesmo ano. Ainda naquele ano, a 8 de outubro, o Governo da Província de
Mato Grosso instalou, na localidade, um posto fiscal, também com a incumbência de arrecadar impostos, sob as ordens do guarda Manoel Tibúrcio Dutra.
Em abril de
1917, chegou à região de Guajará-Mirim o capitão Manoel Teófilo da Costa Pinheiro, um dos membros da
Comissão Rondon. Através dos meandros e lagos do rio Cautário, encontrou algumas poucas centenas de seringueiros mourejando nos barracões da Guaporé Rubber Company, empresa que monopolizava a compra e exportação da borracha produzida na região, na época gerenciada pelo coronel da Guarda Nacional, Paulo Saldanha. Eram os barracões “Rodrigues Alves”, “Santa Cruz”, “Renascença” e outros localizados próximos ao
Forte Príncipe da Beira. Diversos povos indígenas originários da região resistiram aos seringueiros, tanto em sua presença quanto em sua posterior tentativa de dizimá-los, a exemplo de grupos e subgrupos dos jauis, tupis e hauris. Os pacaás-novos, do grupo jaru, foram os mais aguerridos combatentes contra os extrativistas.
Em
26 de junho de
1922, através da Resolução 879, o presidente da Província de Mato Grosso transformou a povoação de Espiridião Marques em
distrito de paz do município de Santo Antônio do Rio Madeira. Quatro anos mais tarde, em
12 de julho de
1926, a povoação foi elevada à categoria de cidade, por ato assinado também pelo então presidente da Província de Mato Grosso, Mário Correa da Costa. Em 12 de julho de
1928, pela Lei 991, assinada pela mesma autoridade, o distrito foi elevado à categoria de município e comarca com área desmembrada do município de Santo Antônio do Rio Madeira, tomando o nome de Guajará-Mirim, já usualmente designado pela população. O município foi oficialmente instalado em
10 de abril de
1929.
Em
13 de setembro de
1943, pelo Decreto-Lei 5 812, o município de Guajará-Mirim passou a fazer parte integrante do Território Federal do Guaporé, criado nessa data. No dia
21 de setembro do mesmo ano, pelo Decreto-Lei 5 839, a sua área territorial, somada a uma parte da área territorial do município de Mato Grosso-MT (ex-Vila Bela da Santíssima Trindade), passou a compor o novo município de Guajará-Mirim. Esta composição territorial e sua confirmação definitiva como parte integrante do Território Federal do Guaporé se deu em
31 de maio de
1944 através do Decreto-Lei 6 550.
Por intermédio do Decreto-Lei 7 470, de
17 de abril de
1945, o município de Guajará-Mirim e o município de Porto Velho passaram a fazer parte como os dois únicos municípios da divisão administrativa e judiciária do Território Federal do Guaporé.
No início de 1970 foi fechada a
Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, devido vários fatores dentre eles os altos gastos para o governo federal.
“Guajará-Mirim” é um termo oriundo da
língua tupi: significa “
cachoeira pequena”,
[5][6] existem controvérsias de vários linguistas.
Atualmente, o município registra uma população compreendia em 86% na zona urbana e 14% na zona rural.
A característica da população do município é a mestiçagem de várias raças com os nativos tradicionais, resultando numa população tipicamente amazônica com a predominância de “caboclos” e uma forte presença da miscigenação com imigrantes da fronteira (bolivianos).
Inegavelmente, o município de Guajará-Mirim é um dos poucos, senão o único do Estado de Rondônia, que possui excelente atrativo para o desenvolvimento da indústria do turismo em larga escala.
O município arvora-se do direito de ser o guardião da história do Estado, com inúmeros registros dos primórdios de sua colonização. A saga dos pioneiros construtores da lendária Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, a presença marcante da igreja católica na colonização de todo o Vale do Guaporé e as inúmeras construções que retratam a história de uma época em que o município concentrava toda a riqueza da região, baseada na extração da borracha e da castanha.
O equilíbrio ecológico e harmônico da natureza pode ser representado pela vastidão de incomparável beleza do Vale do Mamoré-Guaporé , oferecendo inúmeras opções de lazer, dentre as quais a pesca amadora, liberada na época logo após a desova dos peixes. As belas praias do rio Pacaás Novos, a reserva extrativista do Ouro Preto e o encanto da
Serra dos Pacaás Novos oferecem oportunidades únicas de se conhecer os caprichos da natureza.
Nessa cidade existe uma agência do Banco do Brasil, do Banco do Bradesco, do Sicob Crediforte, do Banco Basa e da Caixa Econômica Federal (CEF). Também lá situam-se uma sede da Polícia Militar, o 6° Batalhão do Exército Brasileiro, uma Delegacia da Polícia Civil, uma Delegacia da Polícia Federal (PF), uma sede da Marinha, e um aeroporto.
O Distrito de Surpresa possui uma Filial do ICMBIO, no intuito de preservar o Parque Nacional da Serra da Cutia.
Complementando o aspecto histórico e natural, existe o fato de o município sediar a única Zona Franca do Estado: a Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim, que oferece excelentes oportunidades de compras de diversas mercadorias importadas de várias partes do mundo.
Sua população estimada em 2014 é de 46. 203 habitantes, sendo assim, o oitavo município mais populoso do estado.
Vários descendentes de quilombolas do Vale do Guaporé, dentre eles dos Quilombos de Santo Antônio do Guaporé, Pedras Negras, Paudólio, Comunidade de Jesus e de Vila Bela da Santíssima Trindade.
Existem em Guajará-Mirim vários descendentes de nordestinos dentre eles pernambucanos, alagoanos, cearenses, paraibanos e outros.
Estrangeiros
Há vários bolivianos e descendentes de bolivianos que vivem em Guajará-Mirim advindos de várias partes da Bolívia Equatorial.
Povos indígenas
Os
povos indígenas são variados: dentre eles, o mais destacado em Guajará-Mirim é o povo indígena Wari, dentre eles os Oro Waram, Oro Nao`, Oro Mon, Oro At. Oro Waram Xijem, e outros. Além dos Wari existem outros indígenas, como os Canoé, Macurape e Jaboti. Possuem várias aldeias dentre elas; Lage Velho, Lage Novo, Sagarana, Capoeirinha, Tanajura, Ricardo Franco, Rio Negro Ocaia, Sotério, Baia das Onças, Graças a Deus, Santo André. Baía da Coca, Queimada, Barranquilha, Deolinda, Ribeirão, Limoeiro e outros. A Missão Novas Tribos do Brasil, que realizou o contato forçado com os indígenas de Guajará-Mirim, possui Igrejas Evangélicas em várias dessas Aldeias, que vai de Capoeirinha até Rio Negro Ocaia. Possui missões com pastores indígenas também em Sotério. Alguns pastores Indígenas são o irmão Rubens Oro Nao’, Omar Oro Nao, Armando Oro Mon e outros.
Religião
Várias religiões existem em Guajará-Mirim sendo predominada o Cristianismo sendo divido entre católicos romanos e protestantes evangélicos dentre eles: Batistas, Presbiterianos, Assembleia de Deus, Adventistas do Sétimo Dia, Quadrangular, Metodistas Wesleianos e outros.